terça-feira, 29 de junho de 2010

Lacuna

Desde pequena ganhei o rótulo de ser sonhadora. O que parecia bonito foi tornando-se ao longo do tempo um peso que me custou orientações constantes de que eu deveria viver com os pés no chão, não me iludir, não me deixar levar, não confiar. É fato que algumas coisas eu aprendi e fiquei até rude demais. Sei que um chefe nunca vai me abraçar como se fosse meu pai porque de fato nunca o será, sei também que as pessoas nas ruas, em sua maioria não me olham como amigos e amigas porque possivelmente nunca o serão. Mas da pessoa que a vida me escolheu para ser o amor, o meu amor, desta não admito desconfiar ou não me entregar.
Há alguns dias ou meses talvez, quem sabe desde sempre noto uma distância quase que interminável entre a gente. Aquela coisa triste de estar ao lado e ainda assim uma solidão monstruosa pesar como uma nuvem de fumaça preta, escurecendo e esfriando tudo. Nem eu mesmo sei como mas eu acredito que ela gosta de mim, que me tem apreço e que certamente sentiria a minha a minha falta de eu enfim decidisse desaparecer. E apesar de acreditar nisso eu vejo um imenso espaço entre nós.
Sei, não só pelo que imagino mas pelos seus olhos e seu silêncio quando menciono, que não me deseja. Deseja talvez a textura da minha mão no seu corpo, mas jamais sente calafrios só por me olhar talvez com uma roupa diferente. Se lhe falo no ouvido qualquer coisa sobre sua beleza ou sobre o nosso amor e finalizo com uma mordiscada na orelha, o arrepio que sente não é aquele de se sentir enfraquecida, mas irrita-se.
Entre nós tudo é muito banal. Confesso, muitas coisas íntimas às quais nos acostumamos conviver são agradáveis, me fazem bem. Mas em detrimento disso apagou-se, se é que um dia esteve acesa, a fagulha mágica do encantamento e da surpresa. Já não temos uma música só nossa e com certeza veríamos de maneira ridícula um botão de rosa em cima da cama com um bilhete.
“Eu te amo”, nos dizemos diariamente. Talvez, várias vezes em cada dia e hoje mal sabemos que teor tem essa frase. É como dizermos uma para a outra: “que calor” “que frio”. Não nos alegra mais, não nos espanta, não é mais novidade que nos amamos. Já nos amamos pesadamente como se ama um casal frustrado aos 20 anos matrimoniais e isso é mais terrível porque nos conhecemos há apenas dois. São 730 dias.
Não há beijo ou cristo que a desconcentre da TV, seja lá o que estiver passando. Ela sempre para de beijar primeiro e é raro que feche bem os olhos. Sei que esse desabafo encantará algumas pessoas de maneira que verão limpidamente minha alma. A ela apenas será quase que um insulto, uma ofensa, uma injustiça sem que pare para pensar em como estou sendo verdadeira, fraca e no fundo uma apaixonada, mesmo que sem um objeto real de paixão.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Novidade!

Há nesse mundo as pessoas que são como são. Há as que nem sabem o que são. Há poucas que sabem o que são, que são mutáveis, que praticam a superação. Por isso abro espaço aqui no blog Renitência para alguém assim, do grupo dos que superam-se.
O céu está tão escuro, mas assim não o vejo.
O céu escuro está claro, claro como um amanhecer.
Sinto as vibrações da esperança dentro de mim, como a esperança que se renova ao raiar do sol.
Como entender o fato de que meus olhos enxergam algo surreal?
Logo penso que não são os olhos de minha fraca carne, e sim, os olhos de minh'alma.
Olhos que choram de dor e se ofuscam pelo medo, mas que um dia brilharão como estrelas pois terão seu universo:o amor!
Douglas Appel

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Toda dor, todo amor e toda cor


Tenho buscado lugares seguros para me esconder.
Talvez dentro de mim,talvez dentro de você,
talvez fora da realidade.
Na verdade já faz um tempo que procuro
preciso me sentir segura como uma criança na primeira pedalada de bicicleta,
ter a certeza de uma mão ,um braço, um abraço de proteção.
Mesmo que digam pra não sentir medo,
que acreditem que você consegue,
toda novidade gera um tipo de solidão.É necessário que alguém esteja por perto
e que exista a chance de não cair, mesmo que as coisas saiam errado.
Eu mesma já caí tantas vezes
e nunca me preocupei com as cicatrizes insistentes que marcam o meu passado.
Simplesmente estão ali e pronto.
É mais fácil curar o que está por fora
Mas toda dor,
todo amor
e toda cor está dentro.
Difícil enxergar, difícil curar, difícil tocar.
Não é obrigação minha tocar e mesmo que fosse,
como seria capaz de achar o ponto exato da dor?
Já não sei separar meu corpo do seu.
Me provoca agonia, me faz mal, me faz sofrer, me preocupo.
Preciso sempre encontrar o foco pra resolver.
É intenso
é conjugal
é uma dor que sinto sem que seja minha.
(Larissa Mazaloti e Cintia Scalco)
Escrever a quatro mãos pode ser fácil, difícil é viver com dois corações.

Encantadores

Apesar de parecer uma narrativa feita por uma pessoa já velha, confesso que em determinado ponto de minha vida, se alguém me contasse um tipo de previsão – mística ou lógica – de que eu encontraria e me encantaria por novas pessoas, eu não ia acreditar.
O que sou hoje foi construído a muitas mãos. Cada pessoa que esbarrou com algum momento da minha vida desde a infância plantou um pouco de alguma coisa e tudo misturado dá nessa bagunça organizada que é a minha vida.
Outro dia, quando eu argumentava sobre algum assunto super empolgada e gesticulando e logo depois, espontaneamente e com carinho servi um copo de vinho para um amigo, ele me disse: “Acho muito legal sua força misturada com sua sensibilidade” e completou dizendo que às vezes eu pareço uma bomba, prestes a explodir e de repente tenho um gesto “menina” de ser. Tudo isso é o produto que me tornei, resultado dos ambientes e das pessoas com quem convivi – as boas e as más – ou eu não me completaria.
O fato é que o tempo vai passando e eu vou me acostumando com a idéia de que o que tinha de conhecer já conheci, o que tinha de amar já amei, como se todas as inquietações que a novidade provoca já não mexessem mais com a minha alma.
Mas no meio de um descontentamento, apareceram pessoas de olhos brilhantes e gargalhadas despreocupadas, de abraços apertados e de noites sem dormir. Gente que não tem melindre, que não tem frescura, que conhece a vida como ela é e compreende que as pessoas podem e até devem errar.
Não tenho muito mais a escrever sobre isso porque me ocupo demais em sentir. Mas antes que essas pessoas incríveis me perguntem: “nossa, de onde você tira essas coisas que escreve?”, eu respondo: Cintia, Doug, Fran e Rafa, vocês me inspiram.
Para vocês.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

18h

São seis da tarde. No inverno, os carros já ligam os faróis mas ainda não é noite e nem é mais dia também. É a hora do crepúsculo cujas dores que causa já foram tão escritas por Neruda e tão vividas por milhares de solitários.

Nas padarias casais na fila do pão. A mãe que apanha o filho na escola. Um amigo que encontra o outro na porta do trabalho para um chopp. A família que vai se encontrando em casa aos poucos. Chega um, depois outro, depois outro e é a hora da fila pro banho e depois pijamas quentes, café com mistura e novela.

Para quem é sozinho não tem nada disso. Os solitários pedem a Deus que não chegue às seis, que não venha o escuro sutil anunciando que não há ninguém, exceto um raro vizinho nas escadas do prédio, para quem se possa dar “olá”. Quase nula é a possibilidade de dar “boa noite” antes de dormir.

O solitário sai do trabalho, vai remoendo uma raiva do mundo por todo o caminho de casa. Chega e não vê razão alguma em tomar banho naquele instante porque não há ninguém no sofá esperando pelo cheiro de banho, então, fica para mais tarde. Quando já não há mais o que fazer na frente da TV, vai para o banho e demora. Depois disso o vazio é maior ainda. Aí dorme e quando acorda pede a Deus outra vez que não chegue nunca às seis.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Amor maduro, amor sem futuro

“Se eu tivesse sido madura, talvez nada disso tivesse acontecido”, ouvi de uma amiga que teve o fim do namoro decretado com a estupenda desculpa de: “Não gosto mais de você”. Recentemente também uma amiga minha resolveu mudar a vida completamente e pôs fim a um relacionamento de quase sete anos. Eu que até o final do dia estava casada, não de papel passado, mas de coração seguro, em minutos tornei-me novamente a garota sozinha no apartamento silencioso e vazio.

O que o amor entende por maturidade? Me pergunto enraivecida: o que o amor quer de mim? Ser maduro é ser frio e não se entregar? O que nos leva ao melhor lado da história é uma postura bruta e indiferente com uma falsa auto-suficiência que não serve para absolutamente nada?

Você sai e em qualquer lugar vê pessoas aflitas, com olhar atento em busca de algo, de alguém que as faça respirar mais fundo, que tome conta, que invada o pensamento, que torne vontades em necessidades, que transforme o querer em um vício incontrolável. Você percebe a solidão naqueles que querem colocar tudo para fora e misturar, se alimentar daquilo que veio de dentro da outra pessoa. Você se dá conta de como é importante ter alguém.

E eu não sei o que está acontecendo porque há milhares de olhares aflitos também tentando se desfazer do amor. São os maduros, os que esquecem, os que não ligam, os que não se incomodam com o silêncio do telefone. São aqueles que batem no peito e enchem a boca para dizer: “não amo mais você” “tenho um carinho enorme por você mas já não te amo mais” “eu quero minha liberdade volta” “quando estou longe eu já não sinto sua falta, acho que não gosto mais de você” “o problema não é você, sou eu” “acho que podemos ter uma amizade, não quero ficar sem saber de você e até podemos ficar, mas não quero compromisso” “estou numa outra fase da minha vida”.

Se isso tudo, essa falta de apego ao raro é sinal de amadurecimento então serei para sempre infantil, mas nunca serei hipócrita. Tudo ou nada. Quero amor, quero falta de ar e palpitação. Quero frio na barriga, romantismo e flores. Quero morar junto, brigar por quem vai levantar apagar a luz, dizer: “nossa casa, nossa cozinha, nosso banheiro, nosso quarto”. Eu quero morrer de amor e só essa condição me importa, outra não.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Hoje abro espaço para uma pessoa muito especial, sensível e amiga. Chegou no meu porto na hora certa, do jeito certo.


Por Rafaela Davidones


Enquanto a chuva cai lá fora

Estou aqui, mergulhada em linhas que somem com o descer da escrita

Relembrando tudo que fizemos

As alegrias que tivemos e juras de amor eterno que fizemos

Sentindo o gosto do primeiro beijo e a suavidade do toque dos teus lábios

Amor, porque se foi assim, tão covarde

Deixando a mim uma vida que não pode ser vivida

Escondida por de trás dessas palavras negativas que insiste em dizer

Enquanto teus olhos confirmar todo o resto

Os nossos lábios pedem um ao outro, completam-se por essência.

Volta paixão cruel

Devolva-me tudo que levou ao partir

Traz de volta o meu sorriso do teu eu te amo

Permita-me sentir uma vez mais a adrenalina que o teu olhar despeja sobre mim

É o pele na pele, brilho no olhar e coração pulsante que insiste em não parar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Da porta

Fazia tempo que eu não chorava tão ternamente na frente dela. Fiz porque senti que seria a última vez. Acabou, não porque foi ruim, mas porque foi bom demais. Dá pra entender? Sei lá. Dizem que tudo tem um fim. O fim de alguma coisa é como a morte, estamos cansados de saber que isso é eminente e natural, mas nunca aceitamos.

Mesmo quando o fio já estava arrebentando nós nos agarramos, isto é verdade. Quando começamos eu segurava bem mais que ela a corda ainda grossa, isto também é verdade. Dói mais por causa disso. Porque eu consegui fazê-la segurar comigo não só a corda, mas a barra, o mundo, a vida. Seguramos juntas, e muito forte por algum tempo. Foi bonito e foi novo para mim ter alguém que ficasse tão ao meu lado e muito mais que isso, porque eu fiquei muito ao lado dela como não havia nunca ficado ao lado de alguém.

O fio arrebentou, eu acho. Diferente do que era no começo, talvez arrebentou porque as duas estavam segurando com força demais. Então depois da mágoa colocada para fora tantas vezes eu sabia que precisava deixar a minha ternura voltar. Disse a ela para não ter medo de amar, para se deixar ser amada mais rápido do que se deixou ser amada por mim porque qualquer segundo sem amor é tempo perdido para sempre. Certifiquei ela de que se alguém um dia perguntar se ela já fez alguém feliz, que ela diga com firmeza que sim. Se algum dia ela transformou uma casa em um lar? Ah, e como! E eu, se for perguntada sobre já ter vivido em um lar verdadeiro, responderei que sim e que foi ao lado dela.

Nessa noite, depois de um abraço amigo, depois de tantas vezes que ao virar as costas e olhar para trás, encontrar apenas o vazio, depois de tantas vezes desejar que ela estivesse ainda na porta me olhando com dúvida se me deixava ir ou não, na noite em que arrebentou o fio ela estava na porta e ficou por bastante tempo até que ficasse longe o bastante para não enxergarmos nossos olhos molhados. Ela sempre me disse que no final tudo daria certo se fosse mesmo o final.

domingo, 2 de maio de 2010

Não amo mais. Eu acho.

Quando a gente sente todas aquelas coisas por uma pessoa, sabemos que estamos amando. Saber que ama é fácil, rápido e delicioso, especialmente se é recíproco. Já aconteceu comigo. Agora, como é que se sabe quando não ama mais? Nunca tinha acontecido comigo.

Eu vivi centenas de paixões (contando as platônicas e até por Leonardo di Caprio na adolescência) e sei lá, dezenas de amores. Eu nunca me poupei ou tive vergonha muito menos medo de amar. Amei até quando e quem não podia. Tenho amigas que eram controladas, racionais e bem autoconfiantes.Eu sempre precisei entender claramente que era amada e foi sempre nesse ponto que deixei de amar. Mas eu sabia que não amava mais e chegava a duvidar que um dia tivesse amado. Tinha certeza: não amo mais e ponto.

Apesar de nunca ter sido a menininhagostosade corpoperfeitosupernamodacabeloimpecáveleelegância, eu pude ignorar muitas ligações, não responder mensagens apaixonadas e ouvir elogios até de coisas que eu não posso escrever aqui. Sempre contei pura e simplesmente com um belo sorriso. Só.

Hoje, mulher, continuo não sendo gostosade corpoperfeitosupernamodacabeloimpecáveleelegância, mas ainda com o sorriso cativante, como me disseram ontem. Mas agora com uma nova aventura: eu não sei se ainda amo. Aquela certeza de “não amo mais você” me abandonou e eu até sofro de gagueira ao pronunciar essa frase.

Uma vida conjugal acabou e eu odiei, depois disso como dominós caindo um a um, acabou o relacionamento e eu não estou odiando tanto assim, mas com pouca certeza. Talvez tenha sito o tempo, bem maior que outras relações em que eu tinha certeza de não amar mais. Talvez a intensidade, talvez a pessoa ou talvez tenha sido amor de verdade e não passe nunca. Mas pode ser que tenha acabado mesmo o amor. A única certeza que tenho é que foi amor, esse foi, mesmo que não seja mais.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Relicário

Tenho lido Martha Medeiros. Hoje mesmo tomei a ilustre atitude de ouvir Jimi Hendrix depois que vi um filme sobre a vida dele na minha TV por assinatura. Sim! Eu tenho uma TV por assinatura não tem nenhum mês e ainda estou descobrindo as maravilhas disso. Resolvi também ler algumas matérias de capa da Rolling Stone, coincidentemente a última sobre Hendrix e uma anterior, do Pedro BBBial. Neste exato momento, ainda aqui na redação da emissora, Cássia Eller canta 1º de Julho ao pé do ouvido.
A verdade é que tenho resgatado sutilmente algumas delícias juvenis, algumas inéditas, algumas esquecidas como essa, por exemplo, de escrever sem um bel motivo... Apenas um blábláblá pseudo-sei-lá-o-quê.
Na minha adolescência de Ensino Médio, para mim eterno Segundo Grau – porque eu sempre sonhei em chegar ao segundo grau e não ao ensino médio – eu ouvia muito o CD Acústico MTV da Cássia Eller com um esquisito pudor de apreciá-la sabendo que ela era lésbica. É, lésbica. Anos mais tarde me veio a revelação de tal esquisitice, como se o CD – aquele – fosse tal qual uma psicografia dela para mim.
Tem tanta coisa que a gente vai perdendo pelo caminho que tenho medo de não lembrar de coisas muito mais deliciosas que estas, que me aparecem na parte frontal da cabeça agora.

Até...nos vemos por aí.

Chegamos ao ponto em que quase não há como juntar os pedaços, reparar os danos, reconstruir o vaso ou limpar o leite derramado.
Nos enfrentamos como quem joga, luta ou faz qualquer coisa que nada tem a ver com amor. Tem a ver com um tipo de individualismo, um egoísmo que não cabe numa vida a dois, a duas...
Você quer a sua casa, sua cama, suas coisas. Eu quero você na minha casa, na minha cama, nas nossas coisas. Estamos em patamares de idéias e desejos diferentes. Você quer namorinho de portão, eu quero "viveram felizes para sempre".
Não sei se é o fim. Se é, é mentira aquela história de que tudo acaba bem no final. Não estou bem, você não deve estar. O fato é que esgotaram-se as possibilidades de negociação porque as coisas são diferentes do que eu pensava que eram. Se fosse como eu pensava que eram, seria mais fácil mostrar a você que tudo poderia ficar bem para todo mundo. Mas sendo como realmente é, você é a única pessoa que não ficará bem se for convencida ou obrigada, como prefira chamar.
Não sou do tipo que acredita que se possa tomar posse de uma pessoa, mas sou do tipo que acredita que dois podem ser um só, numa só vida, e que seja boa, que seja feliz, que seja confortável.
Sonhei sempre com o calorzinho de alguém que dorme do lado, com a sensação de significar alguma coisa no mundo porque quando acordar vai estar com alguém ali. Poxa! Era tão bonito sair cedinho e saber que lá naquela vidinha gostosa você ainda ficava, que era pra ali, que era pra você que eu tinha que voltar. O mais dolorido agora? Não...talvez nem seja não ter mais isso, mas é pensar que eu tive certeza que aquilo era o que você também queria...por enquanto para sempre.
Quando uma pessoa nos engana, dói. Quando a gente mesmo se engana, destrói.
Preciso avisar você que eu estou tão perdida quanto um cego pode ficar em um tiroteio. Sei que vem chumbo grosso e que vou me machucar, mas não sei de que lado nem em que momento vem o tiro, a bala, a morte.
Mais uma vez eu deixo claro: não sei se é o fim, mas se for, é mentira que sempre dá certo no final.
Você foi boa vidente, e nem é difícil ser com alguém tão previsível quanto eu, sobre como seria hoje, quando eu acordasse. Realmente, o que falei ontem era pra magoar você, pra perfurar o seu peito como estava estraçalhado o meu e hoje penso que foi desnecessário, até porque não resolveu nada e porque sei que quem dá o tapa esquece, mas quem leva, não esquece nunca. No entanto, contudo, entretanto... neste exato momento, às 7h32 da manhã eu voltaria atrás em tudo o que falei. Diria que aceito, que não desisto de você. Mas duas coisas podem impedir qualquer coisa: a primeira é que pode ser tarde demais, você pode ter tomado a decisão certa pra você. A segunda é que ou hoje à noite, ou amanhã, ou no domingo à noite aconteça tudo de novo. Porque não! Não consigo aceitar que você aceite e até queira, quem sabe prefira que seja do jeito que está.
Acho que chegou minha vez de dar lado a alguma outra pessoa na sua vida. Alguém com menos pretensões, alguém menos intenso. Precisa de alguém que aceite o “de vez em quando”, o “não todo dia”, a incerteza de como vai ser a noite, a incerteza do que você quer de verdade e a certeza de que o que você não quer é um “pra sempre juntos”.
Mas bem, se a vida pode valer alguma coisa ainda, que vivamos. É! Que sejamos vivas, alegres e livres como jamais deveríamos ter deixado de ser e esse erro, eu sei e confesso: foi meu.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Na cama com amor

“Não acho que sexo seja importante em uma relação.” “Ah, eu acho sim..50% do relacionamento é sexo”. Conversas assim sempre acabam acontecendo nas rodas de amigos mais liberais, e as opiniões se dividem de acordo com a realidade de cada um. Tem os bem resolvidos, os safados, os mais tímidos.
Claro que sexo é importante. Sexo é quando o amor se torna palpável, quando dá pra tocar nesse sentimento tão controverso. Quando se tem um parceiro fixo dá para fazer sexo cada vez de um jeito, quando não se tem é que acaba ficando sempre igual. Porque sem um relacionamento estável a sensação é sempre a mesma, os medos, as vergonhas ou as loucuras normais de fazer com um desconhecido.
Duvido de alguém que depois de uma boa noite de sexo, principalmente com o namorado, namorada, marido, mulher, que não acorde com um sorriso e uma sensação de plenitude. Sexo bom é aquele que no depois a gente lembra do cheiro do cabelo, da temperatura da pele, do braço arrepiado com o beijo no pescoço, da adrenalina debaixo das cobertas. Tem melhor coisa que amar sem sair debaixo do cobertor? Dá aquela impressão de escondidinho...
O hálito da boca naquele beijo lento e intenso sempre é um bom começo... ah se é! Gostoso também é dar uma cochiladinha e acordar com uma mão boba ou com um cheiro na nuca, mal abrir os olhos e já entrar em alfa sem ter certeza se é realidade ou um sonho erótico. Se não pode fazer barulho então..aí sim... claro que escandalizar as vezes é muito bom, mas o silêncio é a prova de que é um segredo e é tão bom ter certos segredos com certas pessoas...
Tem sexo que é tão bom que não dá pra escolher qual é a melhor parte: antes – durante – depois. Quando é excelente pass apela cabeça encontrar alguma maneira de prolongar a coisa. Enrolar o máximo possível para durar mais e mais e mais e no final ter certeza que poderia ter virado a noite, o dia... nunca mais parar.
Sexo é bom e todo mundo gosta. Amor é divino e a sorte é de quem tem. Eu tenho.

sábado, 30 de janeiro de 2010


Brigamos.
Já não é como era antes.
A gente já se conhece o bastante,
a gente coloca os olhares para se enfrentar
E as palavras, feito dardos
parecem conhecer o rumo certo do alvo.

Terminamos.
Colocamos um fim em tudo.
Melhor assim... Mais fácil.

Voltamos atrás.
Impossível tocar as vidas sozinhas.
Acabar com tudo é como desgrudar a pele do corpo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Vinho velho

É tão grande dentro de mim,
que quando está, toma conta
e se não, a tua ausência ocupa tudo.
Em qualquer lugar que passa,
dali não sai nunca mais.
É perfume francês que fica na pele o tempo todo,
é o vinho velho da minha vida – sempre melhor.
Mergulho no silêncio e ouço seu riso,
na escuridão da solidão vejo seu rosto de olhos pequenos
mais fechados na gargalhada,
e atentos a mim.
Sem você falta uma graça,
um brilho.
Eu, então: sombra.
Sombra, lembra?
É bonito...
“sombra é a ausência de luz”
é bonito...

domingo, 29 de novembro de 2009

A vida toda a paixão de todo dia

Tantas pessoas perdidas, corações vazios,
nada nas mãos.
Tenho em mim um sentimento sem fim,
o carinho nas mãos,
você em mim.
Dona das carícias que aliviam,
acalmam,
embalam sonhos.
Ah mulher! Você tem nas mãos uma alma,
constante carência de você,
sem nenhuma calma.
Imenso vazio quando não me olham os seus olhos.
Parece que se penso nesse amor,
enche-me o peito, me toma todo o espaço do espírito.
Quero a vida toda a paixão de todo dia,
quero o dia todo, todos os dias de toda a vida que me dá essa paixão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Revelação


O espetáculo vai começar.

Entre tantas personalidades, entro em palco como personagem.

Para vocês sou a gargalhada, a lágrima escondida
sou a saudade de alguém em épocas vividas
a peça fundamental para a imaginação.
Sou o mundo lhe trazendo informações.

Para as crianças sou a magia do rosto colorido.
Um espetáculo inteiro de inocência e sorriso
e o poder de causar a vontade de ser diferente
de querer um amanhã melhor e ser visto como gente.

Eu interpreto
Eu manifesto
Eu: concerto e desconserto

Eu sou música
Eu sou dança
Eu sou pintura
Eu sou lembrança

Cortinas fechadas,
saio do palco e quem me espera se chama rotina.
Lavo meu rosto e com muito gosto volto pra minha vida.

Levem meu personagem
levem meu texto
levem essa historia hoje contada
é assim que vai lembrar-se de mim.

Porque na vida real
você não me conhece,
não sabe nada sobre mim.
Portanto para ao meu público
sou conhecida e registrada como


ARTES CÊNICAS

(Cintia Scalco)

sábado, 29 de agosto de 2009

Conquista

Deita teu corpo no meu e que eu seja o leito mais tranquilo.
Espalha sobre mim teus cabelos macios e gruda na minha, o cheiro da tua pele.
Solta todo o peso da tua alma,
que eu fui feita só pra isso, para ser teu suporte,
teu sustento.

Toma meu corpo inteiro com tua mão,
porque é teu poder,
porque é minha vontade.

Encosta o canto da tua boca no cantinho da minha
alimentando a minha esperança de roubar teu gosto.
Me olha daquele jeito, fazendo cara de quem quer sem querer
e é isso todo dia,
me conquista,
me perde,
me conquista.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A rotina é a guilhotina do amor

Muito prazer em “desconhecê-la”. Jamais havia passado por tal experiência antes, em toda a convivência que tive na vida com as mais diversas pessoas. Nunca pensei que saísse do papel a força de vontade em recomeçar, recomeçar de verdade, com respeito, com magia...
Ah, com todo respeito, se falo em recomeço não é pedindo-lhe fidelidade, porque não é a mim que deve tal virtude, mas à ti mesmo, mas falo de sustentar até onde minha força agüentar e o fio da esperança não arrebentar, o sentimento sublime que habita meu coração tão novo e já cansado das estripulias da vida.
Nunca pensei olhar com tal curiosidade e tocar com tal receio, um ser que por meses e meses parecia uma parte de mim. Não imaginei nunca esperar um telefonema, um gesto de carinho, um cruzar na rua, uma coincidência com tal ansiedade, de quem por certo, há alguns dias tinha isso como obrigação mútua.
A rotina é a guilhotina do amor.
A partir do momento em que o ritual passa a ser mais que eventual, uma estrutura pesada e enferrujada, com lâminas afiadas, decepa a naturalidade dos sentimentos. Se todos os dias, a tal hora sei que tenho de beijar alguém, então não haverá nunca surpresa algum no beijo e um beijo sem surpresa é seco, frio e sem sabor.
Se já não me pego olhando-te quando estás distraída, sugiro que fiquemos sem nos ver por algum tempo para que meu olhar volte a necessitar da tua fisionomia e saiba se contentar com a tristeza ou a alegria dos teus olhos.
Se eu passar a me importar mais com os teus desejos por outras pessoas do que entender teu desejo por mim, então eu mereço dias de solidão, porque afinal, se desenvolvi o mínimo de inteligência, devo perceber que a liberdade, assim como cabe a mim, deve servir a ti com a mesma intensidade e que se desejas, com a tua alma, outros braços ou outra companhia, é direito teu que desfrutes.
O mistério que vejo em volta de ti faz com que eu pense agora, até que ponto me ensinastes tudo isto com ou sem pretensão.
Confesso... é doloroso o caminho para aprender o amor. Não nego que preciso abandonar um pouco de mim para permanecer em ti, e que não exijo que te abandones para se manter em mim porque em toda a história sempre foi assim: o ser que ama e o ser amado. Não está errado, não é pecado nem é injusto, é pura e simplesmente a fórmula do amor: meio doce, meio amarga.
Despeço-me, ilustre desconhecida, com um beijo no rosto – este que desfaz o que acabara de acontecer com tamanha intensidade e que inicia a expectativa por aquilo que está por vir, não se sabe quando, não sabe como, não se sabe onde, mas que por fé, acredito, de tempos em tempos precisará matar tua sede e fome em mim.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Há coisas que acontecem de repente, como se fosse a primeira vez.
Não se sabe quando vai acontecer outra vez, mas parece que sempre será a primeira.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ambíguo

Preciso te dizer que às vezes teus olhos me fitam, como se fosses uma desconhecida, como se me desconhecesses. Mas de certa forma és tão intrínseca a mim que me confundo toda, mas me certifico, sem dúvida alguma que se não te conhecesse não repararia na chuva, não conheceria a sensação de sentir uma respiração tão terna.
Quero que permaneças em mim, assim como minhas entranhas que não podem estar em nenhum outro lugar que não seja dentro de mim.
Não te peço que mudes não te peço que abdiques não te peço que excedas. Quero-te do jeito que és explosiva e branda, quando queres ganhar o mundo e quando queres esconder-te dele.
O que me acontece é uma paixão que não cessa. Impossível explicar porque é novo para eu amar de maneira plena, além de uma fase, além de uma euforia.
Abri um mundo de perigos e possibilidades ao aceitar para mim este amor que por tantas vezes, que por um tempo eterno em mim foi unilateral. De mim para ti, apenas.
Todas as manhãs quando acordo me dou por satisfeita com a vida que tenho, exceto quando penso que dormir e acordar ao teu lado não era nada do que eu queria até pouco tempo. Acontece que há pouco tempo eu era alguém completamente diferente que hoje está assustada com tudo que mudou em volta, as pessoas, os lugares, os cheiros, os gostos.
De uma forma geral eu estou feliz. Sinto-me bem na tua companhia, sinto que nos acertamos, nos completamos na maior parte do tempo, embora em momentos de desencontro vem a maldita noção de que algo está muito errado e que o tempo será cruel com esta parte da vida que acabamos deixando para trás. Só que sem você, eu me deixaria para trás, para nunca mais me encontrar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Coração par ti do,
a mágoa repar tida,
os dias divididos em sim e não.
Mais fácil, o fim.
A sorte, é que facilidade não cabe nem a você,
nem a mim.
De fato, a mesma rotina que dilacera
é a força da reconstrução
num
tijolo
por
tijolo
o ardor de cada m e t r o quadrado
a sincronia de nossas mãos,
que na obra se desencontram,
e no afeto não se separam.
Somos de cada uma o reflexo oxelfer do bem meb e do mal lam,
distantes e confortadas com a certeza da volta
e juntas,
perturbadas com a possibilidade de não se distanciar nunca mais.

quarta-feira, 8 de abril de 2009




Enquanto o mundo lá fora não para,eu peço perdão a Deus pela felicidade plena.

Ser feliz não é coisa de qualquer um, nem deve ser plenoporque as coisas para a maioria das pessoas não vai tão bem e até a mim,

me faltam outras coisas, mas que são nada.

Mas antes da minha plena felicidade, que Deus perdôe esta mulher.

Ser uma mulher assim, não é coisa de qualquer uma,

Ter uma mulher assim preenchendo aquilo que falta de mim mesma, isso é bondade divina.

A mulher por quem cometo o pecado da felicidade tem mil faces,

mil fases,

mil disfarces.

Segura, mas de palavras falhas.

Doce, mas forte demais.

Forte, mas criança demais.